Lógica 1
Na conceituação de Vinicius de
Almeida, a “Lógica se constitui de
procedimentos que conformam estruturas de entidades assim como são o suporte do
raciocínio correto para construção de entidades, reais e abstratas.” Segundo esta conceituação a Lógica pode
ser de natureza, aproximada, não necessariamente precisa , mas podendo, também,
atingir precisão de verdades absolutas, na dependência dos procedimentos e
informações utilizados. Os
procedimentos utilizados podem ser úteis para a constatação de Lógicas
existentes, nos entes reais, assim como podem ser úteis para a construção
de entes abstratos. Num entendimento simples, a natureza à
nossa volta, apresenta procedimentos de construção de estruturas que são de
natureza Lógica, ainda que guardem um percentual de imprecisão , enquanto as
Matemáticas são o exemplo único onde se aplicam procedimentos de raciocínios
extremamente precisos para a construção de seus entes. A Lógica apresenta, portanto, duas faces,
uma de descobertas da natureza Lógica de certos entes, outra da criação de
procedimentos que suportam raciocínios que não deixam dúvidas quanto às suas
conclusões. Quanto à descoberta da
natureza lógica das entidades naturais reais, as ciências humanas dão-se conta
destas, embora guardando certo grau de imprecisões, não permitindo que se lhes
dê constatação de precisão absoluta .
De outro lado, a montagem de regras , relativamente a comportamentos,
divertimentos, jogos, assim como outros
entes reais e abstratos, criados através
dos raciocínios mentais, exigem a aplicação de medidas crescentes de precisão, atingindo,
nas Matemáticas, grau de precisão
absoluta.
Para uma descrição exemplar sobre
o anteriormente descrito, pode-se estabelecer um roteiro que comece tratando de
comportamentos, como no caso usual nosso de todos os dias, na aplicação de
regras do BOM SENSO; a seguir podemos nos dedicar a explicar como
nossa LINGUAGEM é de natureza lógica
quando nos exige a aplicação correta dos sujeitos, de seus adjetivos, das ações
a que se referem os verbos e seus advérbios, das exigências dos verbos quanto a
objetos, diretos e indiretos, das orações principais e secundárias ; a
seguir podemos falar sobre os raciocínios que utilizamos quando comparamos
extremos opostos de como devemos entender o que é BEM e o que é MAL e quais conclusões podemos atingir,
com suas imprecisões de praxe; a seguir,
principalmente a JOGOS que criamos,
quais as regras que os constroem e às
quais devemos obedecer nos seus desenrolares, com uma precisão bastante próxima
da absoluta; quando nos referimos ao modo como eventos de um conjunto de mesmas entidades se distribuem sob diferentes características, estamos diante das probabilidades de distribuição de eventos, assim como quando tratamos de conjuntos de entidades heterogêneas, buscamos definir como se relacionam entre si tais entidades e suas probabilidades de ocorrências, sendo este o CENÁRIO de NOSSAS CIÊNCIAS.
Para finalizar, podemos falar sobre a exigência da precisão absoluta no campo das MATEMÁTICAS, e como estas auxiliam, sobremodo, o desenvolvimento das CIÊNCIAS HUMANAS , para que possam atingir graus de certeza maiores quanto ao conhecimento de nossos mundos, reais, virtuais, abstratos, nas suas diversas manifestações.
Para finalizar, podemos falar sobre a exigência da precisão absoluta no campo das MATEMÁTICAS, e como estas auxiliam, sobremodo, o desenvolvimento das CIÊNCIAS HUMANAS , para que possam atingir graus de certeza maiores quanto ao conhecimento de nossos mundos, reais, virtuais, abstratos, nas suas diversas manifestações.
O desenvolvimento histórico da
FILOSOFIA mostra como, a princípio, julgou-se ser a mente humana capaz de gerar
novos conhecimentos, exclusivamente, através dos raciocínios mentais
rigorosamente controlados por suas eficiências. Atingiu-se, posteriormente, uma época em que houve uma forte crítica ao uso
exclusivo da racionalidade humana na interpretação do mundo real , via
conhecimento, e o julgamento de que se fazia necessária a observação empírica e a experimentação como recursos auxiliares da
mente humana na busca do conhecimento.
Este período da história da FILOSOFIA,
é normalmente, representado por
dois gigantes do pensamento humano, os filósofos KANT
e BACON, como figuras ímpares
deste período.
Immanuel Kant (1724-1804) buscou juntar razão
e experiência na forma de ver e interpretar o mundo real, afirmando o dilema
sobre se “ o conhecimento deve conformar-se aos objetos, ou se os objetos devem
conformar-se ao conhecimento”. Este
dilema cria as necessárias relações entre sujeito x objeto. Ele afirmava que o conhecimento através
do uso exclusivo da razão sem o suporte
das experiências/experimentos provoca
muitas ilusões teóricas, ou seja, está
prenhe de incertezas. Por incentivar o
debate entre o racionalismo (uso da razão)
e o empirismo (uso dos
experimentos) Kant transformou-se em uma das figuras ímpares da Era do
Iluminismo no cenário histórico do pensamento e conhecimento humanos.
Francis Bacon
(1561-1626) é considerado uma figura ímpar na geração das ciências
modernas. É de assinalar-se que ele se
antecipa em nascimento a cerca de 150 anos ao de Kant. Para os que estudam a História século por século, dando- se o início dos séculos em estudo a partir dos
anos 50, este número de anos é muito significativo. Sua posição relativamente ao
desenvolvimento histórico da Filosofia é representada por sua recusa a aceitar
a Lógica dos Silogismos de Aristóteles como racionalidade concreta para a
geração de conhecimentos. Eliminada
esta crença, de sua época, propõe que a geração do
conhecimento e interpretação do mundo real deve calcar-se no empirismo
(experimentação em primeiro lugar associado à racionalidade, em segundo lugar)
para tipificação de causas/efeitos na vida dos fenômenos naturais. Para tanto, além de insurgir-se contra a
Lógica dos Silogismos como uma tautologia (começa por afirmar algo e confirma,
ao final, por afirmar, o que dantes já
havia afirmado), insurge-se, também, contra as crenças que costumam conduzir
a falsos conhecimentos, a saber, a) a natureza humana, que tende a generalizar
causas/efeitos baseados em seus universos limitados de experiências; b) os preconceitos concebidos por
idiossincrasias pessoais, em virtude das
gêneses e ambiências individuais; c) os
preconceitos concebidos por vocabulários próprios valorizando de formas
diversas os mesmos princípios e as
mesmas palavras; d) os apegos humanos às
hierarquias e às figuras autocráticas do saber, valorando mediocridades e
desacreditando legítimos novos saberes.
Bacon deu ênfase ao antigo método indutivo, de saber que a parte de um
todo pode explicar o todo, ainda que com
alguma imprecisão, método que conduziu as ciências humanas a uma grande
velocidade de aquisição de conhecimentos, como o sabemos, desde os primórdios de nossa vida moderna,
tornando Bacon uma figura ímpar dentre
os responsáveis por tais mudanças de crenças, comportamentos, conhecimentos.
Pode-se,
portanto, até mesmo, inferir que Kant, apoiando as teses de Bacon, deu-lhes
reforço e mais credibilidade através de seus pensamentos de mesclar
racionalismo e empirismo, o que ajudou a incrementar-se a velocidade com que, hoje,
somos capazes de agregar novos conhecimentos , sejam os de natureza real, sejam
os de natureza virtual, sejam os de natureza abstrata.
O introito
anteriormente textualizado permite que possamos avaliar que a Lógica necessita,
para ser considerada Lógica, a aplicação de alguns princípios fundamentais sem
os quais, não poderá ser construída qualquer entidade Lógica. Estes serão :
- causalidades,
seus efeitos e consequências;
- nexo entre
antecedentes e consequentes (quase uma repetição do anterior);
- congruências
entre seus elementos constituintes;
- sequências
que permitam percorrer caminhos através de começos, meios e fins;
- normas
delimitadoras.
Quaisquer das
Lógicas, que tenham sido trilhadas. ao longo do tempo, para apoio do desenvolvimento
do conhecimento humano, utilizaram e utilizam dois métodos principais para
trilha dos caminhos lógicos : o método indutivo,
quando se utiliza o caminho da “parte para o todo” e o método dedutivo, quando
se utiliza o caminho do “todo para a parte”, o primeiro entendido como o da
síntese e o segundo entendido como o da análise.
Na linha do
tempo, em termos de Lógica, pode-se salientar um desenvolvimento de geração de
Lógicas, como sendo o seguinte : Lógica
do Bom Senso > Lógica Formal > Lógica Dialética >Lógica das Probabilidades > Lógica Pura.
Este caminho parte de uma Lógica puramente
intuitiva, como é o caso do Bom Senso,
desde mesmo a pré-história humana, que se baseia nos raciocínios de um único
indivíduo, limitado ao seu conhecimento adquirido por sua experiência de
vida; apresenta muita imprecisão, não
permitindo abrangência universal; permitindo apenas a definição de certos
grupos com pensamentos e reações afins.
A Lógica Formal, empregada
desde os gregos, a partir de Aristóteles (384AC – 322AC), tendo como base uma premissa geral, a qual servirá para uma
conclusão particular, por muitos considerada tautológica porque somente pode
concluir com a mesma premissa geral de
onde partiu; considerada Lógica dedutiva,
de pouca valia, muito sujeita a erros.
A Lógica Dialética, aplicada
desde os gregos, a partir de Sócrates ( 469AC -399AC) e Platão (428AC-348AC),
considerada a Lógica que opõe dois Contrários e seus argumentos, os quais,
argumentos, sucessivamente, ir-se-ão
aproximando de uma conclusão comum, por exclusões das teses/anti-teses, opostas,
inicialmente confrontadas; Georg Hegel (1770 -1831) a aplicou, em sua análise
do desenvolvimento da História Humana, como os confrontos iniciais entre uma Tese e uma Anti-tese,
que, nos seus embates irão polindo suas controvérsias/contradições, para
atingir uma Síntese, a qual se constituirá uma nova Tese que encontrará uma
Anti-tese, reiniciando confrontos que irão polindo suas controvérsias/contradições; muito aplicada relativamente ao comportamento
humano individual/social, sujeito a ondulações diversas, mas criando força para
admitir-se que entre Contrários, a verdade mais próxima corresponderá à média
destes Contrários, ou seja entre o branco
e o preto, haverá o cinza, admitindo as três existências, em um processo dinâmico. A Lógica das Probabilidades, que busca analisar o modo como ocorrem os fenômenos, relativamente às diversas variáveis que os influenciam e com que força os influenciam nos faz penetrar no mundo das incertezas, ou das certezas dos acontecimentos imprevistos. Assim, os jogos de azar; os acidentes; as sortes e azares climáticos; as gangorras entre vida e morte; o que nos reserva o dia de amanhã. A Lógica
Pura, aplicada desde os primórdios
em que os quantitativos se impuseram à mente humana, num percurso desde o
contar nos dedos, os primórdios da Aritmética, os primórdios da Geometria Plana
e o desenvolvimento das Matemáticas; a única Lógica a ser considerada de
precisão absoluta, pois é completamente abstrata e construída a partir de premissas
que não podem sofrer contestações, a exemplo
de que um Triângulo é uma figura geométrica de três lados; o Círculo é uma figura geométrica constituída
de pontos equidistantes de seu centro;
ou seja, são construídas estruturas totalmente lógicas, a
partir de premissas absolutamente
verossímeis, pois criadas por regras sem exceções.
O uso da Lógica,
ou das Lógicas, como se pode constatar através de seus usos na História Humana,
se faz pela intuição, se faz através dos raciocínios baseados na
observação e nas medidas dos fenômenos ocorrentes em nossas realidades, para
construir-se os Entes que constituem os Monumentos criados pelo andar do
conhecimento, ao longo do tempo.
Constroem-se e derrubam-se tais
Monumentos à medida que nossa capacidade de observar e medir fenômenos se aprimora,
devendo-se considerar e salientar que os novos Monumentos terão sempre como base
as ruínas dos anteriores demolidos de forma nunca total, mas,apenas,
parcialmente.
Assim como nossa Realidade pode ser difusa,
não podendo afirmar-se verdades absolutas a respeito de seu comportamento
volátil, as Lógicas também o podem ser e
assim são admitidas, desde a puramente intuitiva, aprimorando-se seus graus de aproximação à sua
universalização, até atingirmos a afirmação de verdades absolutas para entes
puramente abstratos mas ainda assim, reais.
A Mente Humana não cessa de aprimorar
conhecimentos, tecnologias, mecanismos, entidades, que nos permitem alargar e aprofundar
nossa visão, mais e mais precisa, sobre
as Realidades que nos circundam e nos entranham. Assim o foi, assim o é, assim o será. Disso,
insofismavelmente, não podemos duvidar.