sexta-feira, 9 de maio de 2014

Lógica

Lógica                                                                                                                                                                                                                               1
Na conceituação de Vinicius de Almeida, a  “Lógica se constitui de procedimentos que conformam estruturas de entidades assim como são o suporte do raciocínio correto para construção de entidades, reais  e abstratas.”      Segundo esta conceituação a Lógica pode ser de natureza, aproximada, não necessariamente precisa , mas podendo, também, atingir precisão de verdades absolutas, na dependência dos procedimentos e informações utilizados.        Os procedimentos utilizados podem ser úteis para a constatação de Lógicas existentes, nos  entes reais,  assim como podem ser úteis para a construção de  entes abstratos.     Num entendimento simples, a natureza à nossa volta, apresenta procedimentos de construção de estruturas que são de natureza Lógica, ainda que guardem um percentual de imprecisão , enquanto as Matemáticas são o exemplo único onde se aplicam procedimentos de raciocínios extremamente precisos para a construção de seus entes.       A Lógica apresenta, portanto, duas faces, uma de descobertas da natureza Lógica de certos entes, outra da criação de procedimentos que suportam raciocínios que não deixam dúvidas quanto às suas conclusões.    Quanto à descoberta da natureza lógica das entidades naturais reais, as ciências humanas dão-se conta destas, embora guardando certo grau de imprecisões, não permitindo que se lhes dê constatação de precisão absoluta .    De outro lado, a montagem de regras , relativamente a comportamentos, divertimentos,  jogos, assim como outros entes reais e abstratos,  criados através dos raciocínios mentais, exigem a aplicação de medidas crescentes de precisão, atingindo, nas Matemáticas,  grau de precisão absoluta.     
Para uma descrição exemplar sobre o anteriormente descrito, pode-se estabelecer um roteiro que comece tratando de comportamentos, como no caso usual nosso de todos os dias, na aplicação de regras do BOM SENSO;  a seguir podemos nos dedicar a explicar como nossa LINGUAGEM é de natureza lógica quando nos exige a aplicação correta dos sujeitos, de seus adjetivos, das ações a que se referem os verbos e seus advérbios, das exigências dos verbos quanto a objetos, diretos e indiretos, das orações principais e secundárias   ; a seguir podemos falar sobre os raciocínios que utilizamos quando comparamos  extremos opostos de como devemos entender o que é  BEM e o que é  MAL e quais conclusões podemos atingir, com suas imprecisões de praxe;  a seguir, principalmente a JOGOS que criamos, quais as regras  que os constroem e às quais devemos obedecer nos seus desenrolares, com uma precisão bastante próxima da absoluta; quando nos referimos ao modo como eventos de um conjunto de mesmas entidades se distribuem sob diferentes características, estamos diante das probabilidades de distribuição de eventos, assim como quando tratamos de conjuntos de entidades heterogêneas, buscamos definir como se relacionam entre si tais entidades e suas probabilidades de ocorrências, sendo este o CENÁRIO de NOSSAS CIÊNCIAS. 
Para finalizar, podemos  falar sobre a exigência da precisão absoluta no campo das MATEMÁTICAS, e como estas auxiliam,  sobremodo,  o desenvolvimento das CIÊNCIAS HUMANAS ,  para que possam atingir graus de certeza maiores quanto ao conhecimento de nossos mundos,  reais, virtuais,  abstratos, nas suas diversas manifestações.
O desenvolvimento histórico da FILOSOFIA mostra como, a princípio, julgou-se ser a mente humana capaz de gerar novos conhecimentos, exclusivamente, através dos raciocínios mentais rigorosamente controlados por suas eficiências.    Atingiu-se, posteriormente, uma  época em que houve uma forte crítica ao uso exclusivo da racionalidade humana na interpretação do mundo real , via conhecimento, e o julgamento de que se fazia necessária a observação empírica  e a experimentação como recursos auxiliares da mente humana na busca do conhecimento.      Este período da história da FILOSOFIA,  é normalmente,  representado por dois gigantes do pensamento humano, os filósofos  KANT  e  BACON, como figuras ímpares deste período. 
Immanuel Kant (1724-1804) buscou juntar razão e experiência na forma de ver e interpretar o mundo real, afirmando o dilema sobre se “ o conhecimento deve conformar-se aos objetos, ou se os objetos devem conformar-se ao conhecimento”.      Este dilema cria as necessárias relações entre sujeito x objeto.   Ele afirmava que o conhecimento através do  uso exclusivo da razão sem o suporte das experiências/experimentos  provoca muitas ilusões teóricas, ou seja,  está prenhe de incertezas.    Por incentivar o debate entre o racionalismo (uso da razão)  e o empirismo  (uso dos experimentos) Kant transformou-se em uma das figuras ímpares da Era do Iluminismo no cenário histórico do pensamento e conhecimento humanos.  
Francis Bacon (1561-1626) é considerado uma figura ímpar na geração das ciências modernas.   É de assinalar-se que ele se antecipa em nascimento a cerca de 150 anos ao de Kant.  Para os que estudam a História  século por século, dando- se o  início dos séculos em estudo a partir dos anos 50, este número de anos é muito significativo.       Sua posição relativamente ao desenvolvimento histórico da Filosofia é representada por sua recusa a aceitar a Lógica dos Silogismos de Aristóteles como racionalidade concreta para a geração de conhecimentos.     Eliminada esta crença,  de sua época,  propõe que a geração do conhecimento e interpretação do mundo real deve calcar-se no empirismo (experimentação em primeiro lugar associado à racionalidade, em segundo lugar) para tipificação de causas/efeitos na vida dos fenômenos naturais.   Para tanto, além de insurgir-se contra a Lógica dos Silogismos como uma tautologia (começa por afirmar algo e confirma, ao final,  por afirmar, o que dantes já havia afirmado), insurge-se, também, contra as crenças que costumam conduzir a  falsos conhecimentos, a saber,  a) a natureza humana, que tende a generalizar causas/efeitos baseados em seus universos limitados de experiências;  b) os preconceitos concebidos por idiossincrasias pessoais,  em virtude das gêneses  e ambiências individuais;  c)  os preconceitos concebidos por vocabulários próprios valorizando de formas diversas  os mesmos princípios e as mesmas palavras;  d) os apegos humanos às hierarquias e às figuras autocráticas do saber, valorando mediocridades e desacreditando legítimos novos saberes.      Bacon deu ênfase ao antigo método indutivo, de saber que a parte de um todo  pode explicar o todo, ainda que com alguma imprecisão, método que conduziu as ciências humanas a uma grande velocidade de aquisição de conhecimentos, como o sabemos, desde os primórdios de nossa vida moderna, tornando  Bacon uma figura ímpar dentre os responsáveis por tais mudanças de crenças, comportamentos, conhecimentos.
Pode-se, portanto, até mesmo, inferir que Kant, apoiando as teses de Bacon, deu-lhes reforço e mais credibilidade através de seus pensamentos de mesclar racionalismo e empirismo, o que ajudou a incrementar-se a velocidade com que, hoje, somos capazes de agregar novos conhecimentos , sejam os de natureza real, sejam os de natureza virtual, sejam os de natureza abstrata.
O introito anteriormente textualizado permite que possamos avaliar que a Lógica necessita, para ser considerada Lógica, a aplicação de alguns princípios fundamentais sem os quais, não poderá ser construída qualquer entidade Lógica.   Estes serão :
- causalidades, seus efeitos e consequências;
- nexo entre antecedentes e consequentes (quase uma repetição do anterior);
- congruências entre seus elementos constituintes;
- sequências que permitam percorrer caminhos através de começos, meios e fins;
- normas delimitadoras.
Quaisquer das Lógicas, que tenham sido trilhadas. ao longo do tempo, para apoio do desenvolvimento do conhecimento humano, utilizaram e utilizam dois métodos principais para trilha dos caminhos lógicos :  o método indutivo, quando se utiliza o caminho da “parte para o todo” e o método dedutivo, quando se utiliza o caminho do “todo para a parte”, o primeiro entendido como o da síntese e o segundo entendido como o da análise.
Na linha do tempo, em termos de Lógica, pode-se salientar um desenvolvimento de geração de Lógicas, como sendo o seguinte :   Lógica do Bom Senso > Lógica Formal > Lógica  Dialética >Lógica das Probabilidades > Lógica Pura.   
 Este caminho parte de uma Lógica puramente intuitiva, como é o caso do Bom Senso, desde mesmo a pré-história humana, que se baseia nos raciocínios de um único indivíduo, limitado ao seu conhecimento adquirido por sua experiência de vida;  apresenta muita imprecisão, não permitindo abrangência universal; permitindo apenas a definição de certos grupos com pensamentos e reações afins.    A Lógica Formal, empregada desde os gregos, a partir de Aristóteles (384AC – 322AC),  tendo como base  uma premissa geral, a qual servirá para uma conclusão particular, por muitos considerada tautológica porque somente pode concluir com a mesma  premissa geral de onde partiu;  considerada Lógica dedutiva, de pouca valia, muito sujeita a erros.   A Lógica Dialética, aplicada desde os gregos, a partir de Sócrates ( 469AC -399AC) e Platão (428AC-348AC), considerada a Lógica que opõe dois Contrários e seus argumentos, os quais, argumentos,  sucessivamente, ir-se-ão aproximando  de uma conclusão comum,  por exclusões das teses/anti-teses, opostas, inicialmente  confrontadas;   Georg Hegel (1770 -1831) a aplicou, em sua análise do desenvolvimento da História Humana, como os  confrontos iniciais entre uma Tese e uma Anti-tese, que, nos seus embates irão polindo suas controvérsias/contradições, para atingir uma Síntese, a qual se constituirá uma nova Tese que encontrará uma Anti-tese, reiniciando confrontos que irão polindo suas controvérsias/contradições;  muito aplicada relativamente ao comportamento humano individual/social, sujeito a ondulações diversas, mas criando força para admitir-se que entre Contrários, a verdade mais próxima corresponderá à média destes Contrários,  ou seja entre o branco e o preto, haverá o cinza, admitindo as três existências, em um processo dinâmico.    A Lógica das Probabilidades, que busca analisar o modo como ocorrem os fenômenos, relativamente às diversas variáveis que os influenciam e com que força os influenciam nos faz penetrar no mundo das incertezas, ou das certezas dos acontecimentos imprevistos.  Assim, os jogos de azar; os acidentes; as sortes e azares climáticos; as gangorras entre vida e morte; o que nos reserva o dia de amanhã.     A Lógica Pura,  aplicada desde os primórdios em que os quantitativos se impuseram à mente humana, num percurso desde o contar nos dedos, os primórdios da Aritmética, os primórdios da Geometria Plana e o desenvolvimento das Matemáticas; a única Lógica a ser considerada de precisão absoluta, pois é completamente abstrata e construída a partir de premissas que não podem sofrer contestações, a  exemplo de que um Triângulo é uma figura geométrica de três lados;  o Círculo é uma figura geométrica constituída de pontos equidistantes de seu centro;  ou seja,  são  construídas estruturas totalmente lógicas, a partir de premissas absolutamente  verossímeis, pois criadas por regras sem exceções.
O uso da Lógica, ou das Lógicas, como se pode constatar através de seus usos na História Humana, se faz pela  intuição,  se faz através dos raciocínios baseados na observação e nas medidas dos fenômenos ocorrentes em nossas realidades, para construir-se os Entes que constituem os Monumentos criados pelo andar do conhecimento, ao longo do tempo.   Constroem-se e derrubam-se  tais Monumentos à medida que nossa capacidade de observar e medir fenômenos se aprimora, devendo-se considerar e salientar que os novos Monumentos terão sempre como base as ruínas dos anteriores demolidos de forma nunca total, mas,apenas, parcialmente.   
 Assim como nossa Realidade pode ser difusa, não podendo afirmar-se verdades absolutas a respeito de seu comportamento volátil,  as Lógicas também o podem ser e assim são admitidas, desde a puramente intuitiva,  aprimorando-se seus graus de aproximação à sua universalização, até atingirmos a afirmação de verdades absolutas para entes puramente abstratos mas ainda assim, reais.  

 A Mente Humana não cessa de aprimorar conhecimentos, tecnologias, mecanismos, entidades, que nos permitem alargar e aprofundar nossa visão,  mais e mais precisa, sobre as Realidades que nos circundam e nos entranham.    Assim o foi, assim o é, assim o será.    Disso, insofismavelmente, não podemos duvidar.   

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